domingo, 24 de outubro de 2010

Mesmo, esmo...



Não sei mais o que
Não me sinto mais à vontade
Não quero mais
Me sentar na mesma cadeira
Calçar o mesmo chinelo
Tomar o mesmo café
Fumar o mesmo ópio
Ver a mesma lua
Ler as mesmas notícias
Beijar a mesma boca
Ter os mesmos prazeres
Já tão insuficientes
Regar as plantas do mesmo...
Maldito velho jardim
Malditas mesmas flores sem cor!
Cansei de mentir a mim mesma
Covardia é o mesmo sentimento triste
Quanta opressão, cadê a rebeldia?

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Poeirinha


Me sinto pequenina
Mínima
Como um grãozinho de arroz
Ou pó
Que o vento levanta
Carrega
Para onde bem quer...
E onde será o bem quer?
Perto de algum bem-estar?
Ou será somente voar-voar?

Não quero mais essa vida de vagar
Devagar?
Quero um porto seguro
Quero ser maior que o grão
Quero ser tudo...
A farinha, o pão!
Quero todo dia
De mais um tudo

Quero amar,o mar...
Ah, senhor vento...
Ajude essa alma pequenina
Essa estranha criatura
A se enxergar
Igualar

Ser mais que pequena
Ela cansou de tanto fim...
Quer algum canto
Que seja bom-tom ou furta-cor,
Chão, areia, ou cimento
Mas que tenha lá dentro
O seu belo e precioso momento...

Tudo –tudo!
Menos pó
E poeirinha...